sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

[Nos minutos sem tempo]


Foto de Adatsugu Tomizawa. Tsunami atinge a costa de Minamisoma em Fukushima

Nos minutos sem tempo
que param, que me sossegam,
sento-me nas asas de um
pégaso fugitivo da imortalidade,
das visões,
das constelações,
reconsidero o sonho,
não a morte, supremo final,
porque as flores estão lá,
armadas sem sangue, ordenadas
pelos campos, filas delas.
Salvam-se os choros,
as lágrimas de onde nasceram rios,
secam,
os rios não,
o mar jamais,
salvam-se algumas conchas,
salvam-se alguns nenúfares.
Suspendo o tempo numa garrafa
vazia de areia, do sal, do mar,
sem o pégaso fugitivo,
nos minutos em tempo
que me sossegam,
das viagens,
salvo-me deste naufrágio,
em fim.


2 comentários:

  1. *salvam-se os risos soltos das palavras que bebemos, das ondas que sonhamos, salvam-se as margaridas- nas braçadas em verdes fitas- e o naufrágio era só um lamento...um ponto frio no oceano.
    Divagando no teu versar puro
    Como gosto de te ler.
    Beijoka*

    ResponderEliminar